quinta-feira, 19 de maio de 2011

Geopark Adventure Trip - Etapa 2

Etapa 2: Vila Velha de Rodão - Proença-a-Nova

O dia finda depressa e a noite é demasiado curta para a recuperação necessária! Ainda existem um sem número de “coisas” para arrumar, repor, fazer ou mesmo manter!!! É nesta transição de etapas que também a organização individual deve estar bem oleada afim de podermos ter o máximo de tempo possível para a devida recuperação!

A noite fugaz passa em acelerado e o dia 14 de Maio rompe cheio de sol! Mais um dia quente… muito quente para uma etapa que não prometia facilidades! À semelhança do dia anterior o nosso terceiro elemento Agnelo Quelhas declinou em cima de hora a possibilidade de marcar presença na 2ª Etapa do Geopark Adventure Trip! O companheiro de muitas aventuras, Fernando Micaelo… esse não faltaria decerto! A ambição de atingirmos o objectivo era demasiado forte… apenas algo explicitamente incontornável nos poderia demover!

Rumámos a Vila Velha de Rodão, para partirmos cerca das 8:30 em direcção a Proença-a-Nova, o destino desta segunda etapa por terras do Geopark Naturtejo! As pernas no início sentem-se pesadas, trôpegas e parecem não responder ao estímulo da cadência… mas com o devido aquecimento tudo volta ao lugar e depressa se “engrena” a pedalada!

Com passagem no centro da vila e depois nas laterais da laboradora e fumegante Celtejo, cedo aquecemos (!!!), ao cortar para o Caminho Florestal da Serra da Achada, onde a pendente ascendente inicia e não mais pára durante largos Km’s! Para além de bastante inclinado o caminho é bem técnico, pejado de pedra xistosa! Eu diria… um “bom” começo!!!

Em plena Serra de Vila Velha, passámos em alguns troços comuns ao Percurso Pedestre de PR - Rota das Invasões, ladeámos o Cabeço do Penedo Gordo e avistámos lá bem ao longe e a nível linear o Castelo do Rei Wamba… estávamos a pedalar em boa altitude… e isso sentia-se no nosso “arfar” por ali acima!!!

Já com alguns Km’s nas pernas começámos a avistar à nossa esquerda o tabuleiro da A23, que dá ligação ao nó do Perdigão… era para ali que nos dirigíamos! Até lá… a pendente inverte-se instantaneamente! É “dar ferro” no travão e “rezar” para não voar por cima do guiador! Desce-se por trilhos bastante técnicos e acidentados a exigir muita concentração e perícia!

Na pacata aldeia do Perdigão circulámos pelo meio da localidade, metendo mesmo conversa com uma simpática senhora de couveira e regador na mão! Gente de fora que vem buscar paz e serenidade a estes recantos tranquilos da nossa Beira! A conversa foi breve… e breve foi também a nossa tranquilidade! A Serra do Perdigão assolava-se à nossa frente… tal qual Adamastor aos Portugueses! Imponente e inclinada, com alguns troços praticamente impossíveis de transpor em bicicleta, obrigando a puxar por elas umas boas dezenas de metros!!!

Subimos até 2/3 da cota máxima e por ali circulámos ao longo da serra por alguns Km’s, onde o piso era bastante ciclável e a paisagem à nossa esquerda avassalaora! Sentia-se o cheiro intenso a pinhal… o ar puro da altura, e o calor iria começar a sentir-se cada vez mais! A paisagem é longínqua e o relevo faz-nos lembrar que estamos em plena zona do Pinhal Interior!

Deste estradão a meia vertente da Serra do Perdigão desce-se abruptamente para a Ladeira, cruzando a estrada municipal, seguindo em pendente descendente até às margens do Rio Ocreza… lá bem abaixo! Abre-se diante dos nossos olhos umas das mais magníficas paisagens desta aventura! Rio e serra diante de nós! Muito Bonito!

Com a chegada ao rio, entrámos na parte mais relaxante da 2ª Etapa… uma zona onde acompanhámos por vários Km’s a margem esquerda do Rio Ocreza. Face ao número significativo de caminhos existentes e as vários possibilidades de escolha, notámos que a sinalética alusiva à prova oficial Trip Trail estava muito presente nesta zona (mesmo passado quase um ano)… não tendo sido retirada após a prova! Uma nota negativa para a organização Horizontes.

Face ao cenário idílico da calmia do rio em conjugação com a natureza, efectuámos uma pequena pausa para abastecimento, seguindo depois, rumo à Foz do Cobrão, uma das aldeias que compõe a Rede das Aldeias de Xisto, local digno de visita turística! Esta é sempre uma zona de beleza invulgar e apesar de a conhecermos “de gingeira” o apelo ao “click fotográfico” é uma constante!

Da Foz do Cobrão segue-se para Sobral Fernando e as dificuldades reiniciam, com a subida progressiva por todo o Vale Almourão até aos Carregais (onde não se chega a entrar), circulando pelo PR2 de Proença-a-Nova.

De salientar a importância dos geomonumentos desta zona, com relevo para a garganta do rio Ocreza (Portas do Almourão ou Vale Almourão). Aqui a paisagem continua selvagem, magnificada pelas escarpas quartzíticas, pelas imponentes dobras tectónicas e pelo profundo rasgão que é o Vale do Ocreza. A diversificada da paisagem geológica suporta ecossistemas muito bem preservados, sendo uma importante área de nidificação de aves de rapina. Sem dúvida…um ex-libiris do Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional.

O dia ia avançando paulatianemente… e a temperatura parecia cada vez mais alta! Calor em excesso é algo com que não lido muito bem!!! Este iria fazer-se sentir em demasia na longa e exigente subida das proximidades do Casal da Ribeira para a Ferraria! Inclinações doidas, piso tipo areão, sombras zero! Sentia… e via o suor pingar sobre o guiador! Um suplício!... Para mim o momento mais agressivo destes 3 dias! À entrada da Ferraria, a minha prioridade era parar e baixar a temperatura corporal o mais rapidamente possível! Assim foi!

O Srº Eduardo, vigilante do Posto de Vigia Picoto Rainho recebeu-nos como conhecidos de à muitos anos! A torneira que se avista do caminho fez-me para de imediato e fazer ladrar o canino que ali protege as imediações! O Srº Eduardo acode… e a relação estabelece-se!!! Torneia à disposição, sombra e laranjas frescas! Foram cerca de 30 minutos… que para mim valeram ouro!! É destes momentos que nos iremos recordar por muito e muito tempo!!! Certamente o Fernando partilha da mesma opinião! Formidável! Mas… a saga tinha de continuar!

Da Ferraria para a Catraia Cimeira e depois Montes da Senhora foram localidades em que passámos! Tínhamos percorrido cerca de 50 exigentes Km’s e a hora do almoço culminara com uma passagem numa ribeirita de águas cristalinas (provavelmente a Ribeira do Alvito), cheia de frondosos fetos… um local bem apetecível ao piquenique e à banhoca!! Bem dito, bem feito!

O calor nos píncaros fizera-nos esquecer por momentos os cerca de 15Km’s que ainda tínhamos a percorrrer… e vai de mergulho nas águas frescas da ribeira! Ufffff…. uma sensação fresca, revitalizadora e energética para o culminar dos Km’s!!! Associado a isso, umas sandochas para abastecer o corpinho! Estávamos prontos para o que viesse


Sempre, ora a subir ora a descer… nunca a direito (!!!), seguimos pelos Sesmos, ladeámos o Pereiro e visitámos mais uma Aldeia do Xisto - Figueira, onde o aspecto revitalizado de algumas ruelas fazem o eco-turismo proliferar! Entrámos na Loja das Aldeias do xisto para uma bebida fresquinha, prosseguindo depois em “up-hill” para o Vale de Urso!

De referir que apesar da etapa 2 ser bastante curta (cerca de 66Km’s) comparativamente com o dia anterior… é bem mais musculada em termos altimétricos! Era de vital importância efectuarmos uma criteriosa gestão de esforço para que no dia seguinte houvesse reserva (suficiente) para a etapa 3… ainda mais exigente!

Proença-a-Nova esperava-nos na sua calmia de meia tarde… onde no jardim terminámos a ligação desde Vila Velha de Rodão. Aperto sentido de mãos suadas, cansadas… mas fortes! Eu (João Valente) e o meu comparsa Fernando Micaelo tínhamos cumprido os 66Km’s - 1948 metros acumulados de subida em cerca de 5:50h a pedalar. Tínhamos o ego em alta!

2 Etapas do Geopark Adventure Trip estavam completas sem incidentes de maior! Fisicamente podíamos estar algo desgastados… mas psicologicamente muito fortes! Como seria o dia 3? Estaríamos à altura? Uma terceira (exigente) etapa era algo de novo para nós, algo que nunca tínhamos experimentado! A expectativa estava em alta… mas agora era tempo de recolher novamente à cidade de Castelo Branco… e recuperar para a Etapa Final do Geopark Adventure Trip, a ligação entre Proença-a-Nova e Oleiros.

Reportagem: João Valente
Fotografia: João Valente


3 comentários:

  1. Mais 66Km’s e 1948 metros acumulados em subida ! pelas fotos e relato devem ter sido ( quanto a mim ) mais bonitos mas também mais durinhos !
    O Sr Eduardo (Enxartador) é boa homem, alias, não é por eu ser dessas bandas mas a grande maioria das pessoas, são gente simples, e de bom coração.
    Quanto à ribeira do banho essa chama-se " Ribeira da Froia " a qual dá nome à famosa praia fluvial mais a montante.
    Força para o derradeiro dia !
    1 abraÇo.

    ResponderEliminar
  2. Com a fornalha a gripar tiveste que ir ao banho. Em gajos altos o sol chega mais depressa e abrasa mais, não se pode ter tudo! Hehehe.

    Ainda bem que não fui, com a "forma" em que estou no domingo estava bom era para ir directo para a Ass. do Valongo. Nunca aguentaria estes dois dias, o 2º e o 3º. Já me chegou o 3º, com a birra de não subir mais serra à chegada ao Picoto. Tendes que me aturar mais vezes nestas aventuras, convèm é ser noutra altura do ano, em que tenha mais tempo para me preparar e menos em que pensar.

    ResponderEliminar
  3. Obg pelos comments. JAfonso tens razão... aquele pessoal daquelas bandas é mesmo boa gente!
    Nelo isto tudo se faz... a nossa (minha) forma tambem nao era a melhor, mas pronto lá fui... e diverti-me á brava!

    ResponderEliminar